14 novembro 2008

Acadêmias e acadêmias..

Inacreditável, mas em menos de trinta dias tivemos em três alunas (idade entre 35 e 45 anos) antigas clientes de duas famosas academias do Rio de Janeiro, a temida parada cardíaca durante suas atividades físicas habituais. Apenas uma teve a sorte de sobreviver após dias em coma. O que podemos aprender desses lamentáveis fatos? Há já alguns anos nos EUA se avaliaram as mortes em academias e em princípio concluiu-se que uma equipe de emergência (igual as nossas CIPAs) deveria ser obrigatória, composta por professores, além de um desfibrilador semi-automático de fácil acesso em cada academia. Entre nós, por exemplo a rede Runner seguiu exatamente essas recomendações e ainda contratou médicos experientes para fazerem os exames de admissão de alunos. Os resultados das avaliações apresentados em Congressos de Cardiologia surpreenderam: 33% dos testes ergométricos feitos apresentaram alterações cardiológicas (hipertensão arterial, arritmias e provável isquemia silenciosa ao esforço) desconhecidas por esses alunos. Vejam então que a responsabilidade não é só da academia como também do próprio interessado, a recomendação é de que as academias só contratem médicos especialistas ou pelo menos experientes na área do esporte/exercício, tudo que uma análise de currículo não resolva. Não fazer exame de capacidade física antes da avaliação médica, é um risco a ser evitado sempre, porque na física pode ocorrer algum evento médico inesperado.Afinal o que podemos exigir? Você que freqüenta academia ou que treina e corre nos parques ou clubes, em primeiro lugar escolha um profissional de educação física para te orientar pelo menos no início. Segundo, faça a avaliação médica competente e não aceite um quebra-galho qualquer (atestado fajuto)e inclua exames (teste ergométrico) feitos por especialista.Lamento voltar a esse assunto mas não se pode aceitar, com todo o respeito, MORTES evitáveis. O que determinou esse evento ou foram doenças cardíacas não diagnosticadas ou desvalorizadas. Em SP há dois anos atrás morreu fazendo spinning numa academia que permanece aberta 24 hs, um paciente nosso proibido de fazer exercícios até segunda ordem. A academia simplesmente acreditou na informação, verbal, que estava liberado.Realmente “Ninguém Morre de Véspera” (editora Phorte) é uma afirmação verdadeira e resume o que pensamos: apesar da fragilidade do ser humano, ele pode ser cuidadoso com seu corpo fazendo a simples prevenção do risco de doenças cardiovasculares.
Pratique exercícios físicos aeróbios 4 a 5 x por semana e acrescente exercícios de fortalecimento muscular 2 x semana.
Nabil GhorayebEspecialista em Cardiologia e em Medicina do Esporte

Um comentário:

oculos disse...

Excelente artigo!

Aliás, me preocupa muito essa tendência meio que difundida na net de que estaria caindo por terra a idéia de que para emagrecer e perder gordura o ideal seriam exercícios anaeróbios, tipo start-stop (ou start-and-go), ao invés dos aeróbios, e que estes últimos seriam perda de tempo.

Eu não sei, mas, é impressão minha ou essas paradas tipo morte súbita ocorrem BEM mais em exercícios anaeróbios? Veja que até no futebol, que é basicamente start-stop, ocorrem mortes súbitas. Posso ser desinformado, mas nunca ouvi falar de alguém que tenha morrido correndo (desde que com acompanhamento, controle da frequencia cardíaca, etc.)